sábado, 25 de novembro de 2006

Sketches of Frank Gehry

Leia o depoimento de Sidney Pollack sobre este encontro mágico do cineasta com o arquiteto.
Publicado por Carta Maior - ANSA


CANNES - O nome de Frank Gehry é mundialmente conhecido entre os apaixonados por arte contemporânea e formas geniais da criação arquitetônica. Do museu Guggenheim de Bilbao à sala de concerto Walt Disney de Los Angeles, da residência Norton de Venice à casa Gehry de Santa Monica, o seu gênio compete com o de Franklin Lloyd Whright.

O que torna o documentário ''Sketches of Frank Gehry'' assinado por Sydney Pollack um objeto de culto, a ponto de ter sido escolhido também pelo Festival de Cannes (depois de Toronto e Tribeca), é o encontro excepcional de duas personalidades tão distintas quanto capazes de se entenderem logo no primeiro olhar.''Nunca senti aptidão pelo filme-documentário, exceto algumas vezes como espectador", comenta divertido Sydney Pollack. "Além disso nunca pensei que a minha amizade pessoal com Frank poderia se traduzir em um filme". "Conheci-o há muitos anos, em uma festa oferecida pelo psicanalista de minha esposa, do qual ele também era paciente. Além disso, minha mulher já tinha trabalhado no seu escritório, apesar de nunca ter praticado de fato a profissão, a não ser para construir uma única casa para um outro amigo, Robert Redford".

"Quando em 1997 visitei pela primeira vez o museu de Bilbao fiquei fortemente impressionado, mas disse para mim mesmo que aquele gênio criativo em nada se parecia com o senhor esquivo que ocasionalmente encontrava em jantares e que me honrava com a sua amizade. O fato é que, uma certa noite, Frank confidenciou-me que já não agüentava receber tantas propostas para um filme sobre ele.

Quase por brincadeira imaginamos que eu poderia resolver o problema posto que não entendia nada de arquitetura e, portanto, tinha um olhar isento de todo preconceito, inclusive os positivos"."Falamos disso, mas nenhum dos dois levou o assunto muito a sério, apesar da idéia começar a criar formas na minha cabeça. O empurrão definitivo foi dado por um grande pintor japonês, Hiro Yamagata, sob a forma de um cheque para executar o projeto"."Pensei que valeria a pena fazer diversas entrevistas, visitar lugares, registrar reflexões para ver o que sairia disso tudo. Cheguei até a viajar pela Europa com uma equipe para coletar material, mas foi a insistência da televisão pública norte-americana PBS que me obrigou a comparecer à casa Gehry com a filmadora em punho (era impossível submetê-lo às técnicas normais de filmagem) e completar o trabalho com as conversas as mais extemporâneas"."Para ter outras opções de campo à disposição, também confiei filmadoras aos meus colaboradores e é por isso que, traiçoeiramente, apareço na última filmagem".

"O trabalho todo exigiu cinco anos justamente porque nenhum dos dois estava convencido do resultado"."No ano passado, quando conclui o meu último filme, dediquei-me seriamente ao projeto, superei toda desconfiança, aprendi mil coisas sobre técnicas de documentário e aqui está o resultado.

Ainda hoje me apavora a idéia de apresentá-lo na grande tela para um público igualmente grande e exigente".À pergunta sobre qual é a relação entre o trabalho de um cineasta e o de um arquiteto, Pollack responde: "De um lado a técnica, posto que ambos sabem o quanto é importante o uso da luz. De outro o método de trabalho, já que nenhum dos dois pode construir o próprio 'palacete' sem contar com a colaboração de muita gente mais talentosa do que nós em setores específicos.

Para chegar à solução final do fio condutor da narrativa, inspirei-me na mania de Frank de fazer constantes esboços das próprias idéias. O nascimento no papel de construções geniais, aparentemente impossíveis, me fez sentir parte integrante da criação artística". (ANSA)

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